
Transtorno de personalidade
borderline
Quando se fala do transtorno de personalidade borderline, alguns irão romantizar o transtorno dizendo que a pessoa diagnosticada vive no limite do humor, que tem um medo extremo de sofrer algum abandono e, por isso, age impulsiva e agressivamente. Outros irão dizer que é um transtorno que afeta a personalidade do indivíduo causando muita dor de cabeça para quem tem que conviver com o portador.
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O que precisamos entender é que, quando falamos de transtorno de personalidade, existem muitas vítimas também, pessoas que conviveram ou convivem ainda com quem tem o transtorno e recuperar a saúde mental dessas vítimas pode ser um grande desafio.
Esse transtorno também faz parte do “cluster” B do manual de diagnósticos da psicologia, ou seja, está no mesmo quadro da psicopatia e do narcisismo. Por isso, é imprescindível que seja tratado com seriedade por ser um transtorno grave de personalidade.
Características
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O fato é que, para ser diagnosticado com esse transtorno, pelo menos 5 características devem estar presentes como:
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Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado;
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Relacionamentos instáveis e intensos;
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Instabilidade acentuada e persistente da autoimagem/ percepção de si mesmo;
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Impulsividade autodestrutiva, podendo ser relacionada a sexo, uso de substâncias, alimentação etc);
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Ameaças e comportamento suicidas ou de automutilação;
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Instabilidade afetiva pelo humor irritado e ansiedade;
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Raiva intensa e inapropriada.
O portador do transtorno geralmente é muito intenso e irritadiço quando suas expectativas amorosas não são correspondidas. Apaixonam-se muito rápido e criam uma obsessão em relação ao parceiro. São muito manipuladores também, costumam ver a vida de uma forma muito negativa e se vitimizam em muitas situações, cansando as pessoas ao redor.
A impulsividade e a oscilação de humor é uma característica muito comum, agem sem pensar no próximo quando se sentem ameaçados pela rejeição ou abandono e mostram a raiva de forma muito agressiva: podem jogar objetos, ameaçar com objetos cortantes e fazer escândalo. Também é muito comum que sejam “stalkers” e persigam seus “ex” ou pretendentes, até mesmo parceiros de seus “ex”, causando um enorme prejuízo psicológico a todos os envolvidos. Costumam ir atrás de parentes, amigos, chefes e quem mais eles consigam o contato, como forma de tentar controlar a vítima. Por isso, esse transtorno, apesar de ter uma grande carga emocional, não deve ser romantizado.
O portador pode pensar, sim, em matar só para não ter que sentir o desconforto e a frustração da rejeição. Alguns podem se ferir para tentar um alívio da dor que sentem, outros podem ferir o próximo. Em todos esses casos, o tratamento é urgente.
Bipolaridade
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Muitos profissionais ainda confundem esse transtorno com a bipolaridade, mas são distintos. A bipolaridade envolve uma oscilação de humor deprimido com episódios de mania: em algumas semanas, o indivíduo vai estar mais depressivo, em outras, vai ter muita empolgação e fará algumas atividades de forma mais intensa (mania). O borderline tem comportamentos de instabilidade constantemente, não há episódios como na bipolaridade.
Além disso, o foco do borderline é o abandono e rejeição e suas reações exageradas para controlar essas situações, coisa que não ocorre na bipolaridade. No entanto, é plenamente possível que o indivíduo possa ter ambos os transtornos ou até mais um transtorno de personalidade.
Outra característica que difere ambos é a abertura a mudanças e a constante manipulação. Quem tem transtorno de personalidade tem dificuldade para os diálogos que incentivem alguma mudança, o tratamento psicológico é lento e, muitas vezes, eles desistem por acharem que o psicólogo não os entende justamente por tentar fazê-los enxergar as atitudes e pensamentos infundados.
Vítima
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Quem se tornou vítima pela convivência com um portador também precisa de tratamento. A autoestima da vítima fica praticamente inexistente após tantas cobranças e tentativas de agradar o borderline. Além disso, precisam lidar com o medo e prejuízos que as perseguições ocasionaram. Ao perceber que o borderline não quer se tratar, a vítima deve procurar ajudar para ela mesma. O afastamento e enfrentamento de possíveis consequências são prioridades, estratégias que somente um profissional psicólogo poderá ensinar.​